Aprender
é algo que o cérebro faz a vida toda, conforme nossas experiências que deixam
suas marcas em nossos neurônios e suas conexões. O que funciona, e é usado,
fica; o que não serve vai sendo descartado, cedendo lugar para outras
informações. Se você estiver precisando se convencer de que continua capaz de aprender,
e ainda quiser se divertir, suar a camisa e fazer amigos uma sugestão: experimente
fazer aulas de... dança de salão!
Lições
de dança são um ótimo exemplo de como o aprendizado, de modo geral, acontece, e
dos fatores que o influenciam. Para começar: nada de aprender uma coreografia
complexa de uma vez só. Os professores sabem há tempos que o cérebro assimila
novos programas motores aos poucos, então ensinam os passos em etapas. O córtex
motor elabora a nova sequência de movimentos, até então nunca usada, ordena sua
execução e começa a ajustá-la, de acordo com erros e acertos, com a ajuda dos
núcleos da base. Cada movimento fica mais fluido conforme o cerebelo, através
de tentativa e erro, vai ajustando os movimentos adequados, antes mesmo que
eles sejam executados.
Mas,
para a dança de salão, não basta aprender os passos; é preciso aprender os
sinais associados a cada um, os pequenos gestos com que o cavalheiro conduz sua
dama, indicando-lhe, sem falar, qual será o passo seguinte. Tudo isso requer
repetição, mas prestar atenção é fundamental. Por definição, já que nossa atenção
é limitada a uma coisa de cada vez, tem sempre mais eventos ocorrendo do que
nosso cérebro consegue dar conta – e a atenção é o filtro que serve como porta
de entrada para a memória. Sem prestar atenção no professor ou no parceiro,
nada feito. O que é ótimo: como é preciso concentrar esforços sobre as próprias
pernas, os problemas do mundo ficam... lá fora.
Depois
de aprender os sinais e polir cada sequência de movimentos, é hora de
coordená-las em um programa motor completo, que cuida da execução fluida de
combinações de passos diferenciados – no ritmo da música, de preferência, se
seu cerebelo ajudar. E haja cerebelo para manter o prumo com tantos rodopios!
Motivação também é fundamental. Afinal, para ter a prática que leva à
perfeição, ou pelo menos ao bom desempenho, é preciso ter vontade: é preciso
querer estar ali. Experimentar um pouco de tudo nos dá oportunidade para
descobrir do que gostamos, mas poder escolher investir no que se realmente
gosta é fundamental.
Com
a prática, chega-se ao ponto tão desejado onde a execução dos programas motores
aprendidos se torna automática, liberando o córtex cerebral para outros
assuntos, como conversar com o parceiro ou até cantarolar a música. É aqui que
dançar deixa de ser esforço e vir a prazer puro: sequências de movimentos
executados sem precisar de supervisão cortical, simplesmente em resposta aos
movimentos do outro. Seu cérebro aprendeu a dançar!
Dança
de salão é tudo de bom. Academias são lugares alegres, cheios de jovens e
idosos, todos dispostos a aprender coisas novas – e ainda oferecem um exercício
completo para corpo e cérebro. Dançando, é possível suar, dar um fim a toda
tensão muscular acumulada durante o dia, e manter saudável a resposta do
cérebro ao estresse. Dançar ainda treina a memória, com o aprendizado de passos
e nomes novos; exercita suas habilidades sociais, necessárias para interagir de
modo cortês com pessoas desconhecidas e fazer novos amigos, e ativa o sistema
de recompensa, o que garante boas horas de prazer e diversão.
Fonte:
Mente e Cérebro